Tuesday, June 7, 2011

A tecnologia na aprendizagem dos alunos


Pretender compreender o acto de aprender tem constituído um enorme desafio para especialistas, tanto no campo da psicologia, como da pedagogia. Segundo Dalsgaard e Paulsen (2009) aprender é um processo activo. Para estes autores, a aprendizagem ocorre através de actividades orientadas para um problema, em que os alunos são encaminhados para resolver um problema e atingir um objectivo. A abordagem sociocultural (Teoria da Actividade) enfatiza que as actividades individuais são sempre situadas numa prática colectiva (Vygostsky, 1978; Engeström, 1987). De uma maneira geral as práticas pedagógicas enfatizam apenas o produto da aprendizagem esquecendo-se de que a aprendizagem é um conceito complexo e deve ser visto de um modo alargado.
Apesar de frequentemente se afirmar que o homem quando nasce é uma tábua rasa, para Piaget (1973, p. 69) “ …a aprendizagem jamais parte do zero”, porque à nascença cada um já vem dotado de capacidades de iniciativa instintivas ou reflexas. A plasticidade da mente humana permite aprender em qualquer contexto ou situação. É a capacidade que o homem tem de aprender que lhe permite adaptar-se às condições do ambiente sempre em mudança. O acto de aprender pode ser entendido como uma acção dinâmica, pois quando um sujeito aprende adquire e produz conhecimento mais ou menos inovador.
A curiosidade e a auto-motivação para aprender, empreender, inovar e agir são fundamentais num mundo em constante transformação e distinguem aqueles que se destacam e criam futuros mais prósperos para si e para a comunidade. Ser inteligente na Era do Conhecimento é estar conectado a várias redes de aprendizagem e trabalhar em comum. Muito do movimento e interacção das redes realiza-se de forma mediada por recursos e ferramentas, por tecnologias de redes digitais, influenciando significativamente as práticas de estudo e aprendizagem. Por isso, é importante a existência de estudos que procurem entender como as tecnologias influenciam os padrões de aprendizagem das actuais gerações de alunos.
Um estudo realizado entre universidades do Reino Unido, abrangendo vários estudos de caso, investigou como os padrões de aprendizagem dos alunos são influenciados pela disponibilidade de tecnologias. Os resultados mostram evidências que apoiam a ideia de que os alunos actualmente estão imersos em ricos ambientes de aprendizagem e que seleccionam e se apropriam das tecnologias para as suas próprias necessidades. O relatório foi divulgado pelo Institute for Prospective Technological Sudites (IPTS) e os resultados indicam a existência de uma mudança na forma como os alunos trabalham, sugerindo uma complexa inter-relação entre os indivíduos e as ferramentas. Relativamente aos resultados produzidos neste estudo, Redecker (2009) apresenta oito factores que identificam formas de aprendizagem e caracterizam as mudanças nas práticas de estudo dos alunos:
Pervasividade – Os alunos usam tecnologias para apoiar diversos aspectos do estudo (pesquisa, gestão e produção de conteúdos). Eles são parte de amplas comunidades de pares com as quais partilham recursos e procuram apoio.
Personalização – Os alunos apropriam-se das tecnologias conforme as suas necessidades, usando diversas tecnologias em simultâneo.
Adaptabilidade – O uso de ferramentas específicas não é uniforme; diferentes tecnologias são utilizadas para propósitos particulares e não apenas para os fins para os quais foram desenvolvidas;
Organização – Os alunos gostam de procurar, gerir, manipular informação relevante e sintetizam a informação através de diferentes fontes, usando várias ferramentas de comunicação. Eles estão habituados a ter um acesso fácil à informação e por isso esperam que nos cursos aconteça o mesmo.
Transferabilidade – Competências desenvolvidas pelo uso de tecnologias noutros âmbitos das suas vidas são transferidas para outros contextos, entre eles a aprendizagem;
Fronteiras de tempo e espaço – Os alunos podem comunicar com professores e pares, de várias maneiras, e esperam respostas imediatas ou quase. As tecnologias proporcionam-lhes uma maior flexibilidade permitindo-lhes poder aprender em qualquer lugar e tempo. Os alunos parecem mais aptos a trabalhar com um ambiente em constante evolução sentindo-se confortáveis com múltiplas tarefas, trabalham com múltiplos recursos e ferramentas simultaneamente.
Mudanças nos padrões de produção – Métodos de validação e referências cruzadas indicam que os alunos misturam e associam diferentes fontes de informação, combinam velhas e novas metodologias, exigindo competências de síntese de alto nível.
Integração (médias e recursos) – Os alunos estão a usar ferramentas em combinações variadas para satisfazer as necessidades individuais, ajustando, conectando medias, sítios, ferramentas e conteúdos.
Uma das características mais marcantes deste estudo foi o facto dos alunos capitalizarem as tecnologias sociais para proporcionar apoio e comunicar com os pares. Os alunos estão a usar uma gama de ferramentas de comunicação para trocas de ideias, prestar apoio e verificar progressos. Como refere Dede (2005), as mudanças no estilo de aprendizagem dos alunos irá solicitar uma mudança para a construção activa do conhecimento por meio da imersão mediada.
Neste sentido, a escola deve estar atenta a estas mudanças e acompanhar a evolução dos papéis dos professores, alunos e restante comunidade educativa, que certamente terá um profundo impacte sobre a cultura educacional, na promoção da inovação. Além disso, as fronteiras tradicionais entre a escola e outros ambientes, especialmente, casa e família, têm de ser superadas através da criação de ambientes virtuais de aprendizagem, independentemente do lugar e do tempo, que complementem as práticas educativas escolares e diluam as paredes da sala de aula.
Apesar destas necessidades é preciso ter algumas precauções sobre o uso da tecnologia na sala de aula. O mais importante é não usar a tecnologia pela tecnologia, mas certificar-se que o seu uso atende um objectivo específico e ajuda a realizá-lo da melhor maneira. Como referem Ellis et al. (2010), as tecnologias digitais, quando usadas adequadamente, são poderosos dispositivos que podem aumentar a aprendizagem. Por outro lado, se são usadas inadequadamente podem resultar em consequências desastrosas para a aprendizagem. É desejável que os alunos participem na sua própria aprendizagem e que tenham um papel activo nas actividades mediadas por tecnologias. Os alunos actuais querem aprender através de ferramentas do século XXI, que lhes pertencem, porque são poderosas, programáveis e personalizáveis (Prensky, 2005).

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